Problemas na produção de Batman vs. Superman abriu espaço para Batman Begins
O jornalista e biógrafo David Hughes é autor do livro Tales From Development Hell, que conta histórias de bastidores sobre como algumas produções cinematográficas passam por problemas no estágio de desenvolvimento e, muitas vezes, acabam canceladas definitivamente.
Na nova edição do livro, revisada e ampliada, Hughes conta como as dificuldades em se produzir o longa-metragem Batman vs. Superman, no início da década passada, acabou abrindo caminho para Batman Begins, o reboot da franquia cinematográfica do Cavaleiro das Trevas, que se tornou um dos maiores sucessos com personagens vindos dos quadrinhos.
Segundo o escritor, Batman vs. Superman teve roteiro de Andrew Kevin Walker (Se7en, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça), que mais tarde recebeu um novo tratamento por Akiva Goldsman (Batman Forever, Batman & Robin, Mente Brilhante). A história mostraria os dois heróis começando como aliados, embora tivessem visões radicalmente diferentes sobre o mundo, e culminaria em um confronto entre os dois, causado pelo desejo de Bruce Wayne de se vingar da morte de um ente querido.
Os problemas da produção começaram quando Akiva Goldsman foi contratado para reescrever o roteiro, fazendo algumas mudanças em relação à história original. Mesmo assim, a Warner Bros. estava muito entusiasmada com o projeto a ponto de adiar planos para novos filmes solos dos dois super-heróis e acelerar a produção de Batman vs Superman para lançá-lo em 2004.
Especulações sobre quais atores seriam contratados apareciam diariamente na internet. Dentre os mais cotados estavam Jude Law e Josh Hartnett para o papel de Superman e Colin Farrell e Christian Bale para viver Batman.
Entretanto, repentinamente, o projeto empacou e Wolgang deixou a produção para dirigir Troia.
Dentre os fatores que contribuíram para cancelamento do filme estava um roteiro de 88 páginas de J.J. Abrams para um reboot do Superman, que seria o primeiro de uma trilogia.
Na mesma época, estreou o filme do Homem-Aranha, mostrando um clima mais leve e divertido para os super-heróis. O filme arrecadou centenas de milhões de dólares e virou mania em todo o mundo. Em uma reunião entre J.J. Abrams, o produtor Jon Peters e o então vice-presidente da Warner Lorenzo di Bonaventura, eles discutiram como abordar esses projetos individuais com Batman vs. Superman, que possuía um tom mais sombrio.
Lorenzo defendia lançar primeiro Batman vs. Superman e era defensor do projeto, mas Abrams e Peters tentaram convencê-lo do contrário, dizendo que o melhor era primeiro estabelecer esses personagens individualmente, para depois promover o encontro. Além do mais, se a visão mais sobria da história desse errado, poderia arruinar as duas franquias individuais antes mesmo de serem revividas.
Já se os filmes individuais não fossem um sucesso, o encontro entre os dois super-heróis serviria para atrair a atenção.
Em meio à discussão, o presidente do estúdio Alan Horn tinha a palavra final. E ele decidiu dar prioridade para a nova trilogia do Superman. Assim, ele reviveria as duas franquias, já que Batman Ano Um, com o reboot do Cavaleiro das Trevas, estava sendo planejado na época e teria direção de Darren Aronofsky (Cisne Negro).
Assim, os dois filmes individuais pavimentariam o caminho para o grande encontro, fazendo dele uma evolução mais natural e orgânica dos personagens.
Alguns dias depois, o maior defensor de Batman vs. Superman, Lorenzo di Bonaventura, deixou a Warner depois de 12 anos trabalhando para o estúdio. Até hoje, rumores dão conta de que a discussão sobre esse projeto foi um dos principais pontos para sua saída. Nos anos seguintes, Lorenzo produziu filmes como Constantine, Stardust, G.I. Joe, Salt e a trilogia Transformers.
No final das contas, o novo filme do Superman, com roteiro de J.J. Abrams e direção de Brett Ratner, não saiu do papel e acabou culminando com a produção de Superman - O Retorno, de Bryan Singer, em 2006.
Batman também passou por mudanças. Ano Um foi abandonado e diversos escritores foram chamados, incluindo o autor de quadrinhos Grant Morrison. Na proposta de Morrison, o filme se chamaria Batman: Year Zero e mostraria Bruce Wayne viajando ao redor do mundo treinando e conhecendo componentes que culminariam na criação de seu uniforme, na época que retornasse a Gotham City como seu protetor. Os vilões escolhidos pelo roteirista foram Ra's Al Ghul e Homem-Morcego.
Apesar de Morrison não ter logrado sucesso na sua proposta, a equipe escolhida pelo estúdio concordava com a visão do autor.
No começo de 2003, a Warner anunciou Christopher Nolan como diretor do novo filme, que se chamaria Batman Begins. Nolan chamou o escritor David S. Goyer para ajudá-lo no roteiro e o longa-metragem acabou sendo lançado em 2005 - com Cristian Bale no papel principal, um ator que havia sido considerado para Batman vs. Superman.
A versão revisada e ampliada do livro Tales From Development Hell pode ser comprada no site da Amazon, em inglês.
Fonte: UniversoHQ
Cinéfilo compulsivo, leitor de quadrinhos inveterado e infame acumulador de cultura pop!
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